Credores esperam retomar negociações em 15 dias
Valor Econômico 21 Jul 2016Tatiane Bortolozi e Heloisa Magalhães
O grupo de detentores de títulos de dívida da Oi representados pela Moelis, que soma 40% do débito da operadora com esses credores, espera retornar às negociações com a companhia em cerca de duas semanas, apurou o Valor . Desde o pedido de recuperação judicial, apenas uma reunião foi feita com os administradores da tele, em Nova York, mas teve caráter mais institucional.
A Oi tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial, depois da proposta ser aceita pelo juiz, o que ocorreu em 29 de junho. Assim, o mês de agosto deve ser de negociações com os detentores de títulos de dívida, antes de submeter a primeira versão do plano. Segundo uma fonte, a disposição é grande em converter parte substancial da dívida em ações, para alocar a dívida e fortalecer o caixa para investimentos.
A disposição para negociar é grande para evitar uma disputa litigiosa na assembleia de credores. A leitura é de que isso adiaria a recuperação judicial e seria negativo para os resultados futuros da operadora, disse a fonte.
Do grupo de credores reunidos pela Moelis, 60% detêm títulos de dívida sem garantia da Telemar. A maior parte é de estrangeiros, donos de grandes montantes de dívida e com perfil institucional. A Moelis reúne 65 fundos investidores, inclusive brasileiros.
Segundo apurou o Valor ,a Moelis tem mantido a proximidade com a Oi, o diálogo com outros credores, como bancos e agências de fomento, e cobra celeridade na negociação do plano de recuperação judicial.
Grandes grupos de credores temem que investidores “abutres” — que buscam empresas cuja situação financeira está bastante deteriorada — possam conturbar a assembleia geral extraordinária marcada para amanhã, para a aprovação do plano de recuperação judicial.
Em outra frente, cerca de um mês antes da recuperação judicial da Oi, anunciada em 20 de junho, um grande fundo de risco americano iniciou um movimento para buscar conselheiros e investidores e formar um consórcio para investir na operadora de telecomunicações, segundo uma fonte informou ao Valor .
O consórcio, integrado por fundos de risco, empresas de private equity e um investidor estratégico (uma operadora de telefonia)* é assessorado por João Cox, ex-presidente da Claro; Mário Cesar de Araújo, ex-presidente da TIM; Renato Carvalho, fundador da Íntegra, uma consultoria de reestruturação de empresas; e o banco de investimento americano ACGM, que pertence ao grupo Abadi & Co., especializado em reestruturação de dívidas e reorganização de empresas.
Araújo, que havia confirmado a formação desse novo grupo na segunda-feira ao Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, trabalha em um modelo de negócios para a tele brasileira há uma semana. O plano, a ser apresentado a potenciais investidores na Oi, vai mostrar o que é preciso fazer para a operadora recuperar participação de mercado e como ela pode voltar a dar retorno aos acionistas. Araújo diz que a Oi, que está com a recuperação decretada desde 20 de junho, “é totalmente viável”.
As negociações para a compra de uma fatia serão feitas de forma privada, segundo uma fonte, e podem envolver detentores de títulos de dívida (“bondholders”).
Uma aliança com investidores que já tenham participação na Oi, como o fundo Société Mondiale, da gestora Bridge, de Nelson Tanure, não está descartada, desde que esteja alinhada aos projetos estratégicos, conforme apurou o Valor .
*Chi sarà?